sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

EDÉZIO MONTEIRO (1957-2010)

Na manhã desta quinta-feira, 23, foi encontrado o corpo do poeta - membro da Academia Esperantinopense de  Letras. As primeiras investigações  apontam para morte por choque elétrico. Edézio Monteiro da Silva foi radialista, secretário de cultura de Esperantinópolis, e era um dos colaboradores do nosso  blog.
ESTAMOS DE LUTO

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O JORNALISTA E O NADADOR - Nilton Lee (Pedreiras - MA)

Ao mar medito errôneo na alvorada
Catalizando forças para nada
Piscina olímpica reluz ao sol
Mergulho, nado, esforço-me pra nada.














Navego em puro stress no Pacífico
Faço yoga, rezo, para nada
Ligo a TV na “Vênus Platinada”
Concentro-me, ou tento, para nada

Ao bom navegador indico o Índico
Ao mau navegador não digo nada
Da Avenida Atlântica olho o Atlântico
- O atleta do Triathlon agora nada

Ao vivo, eu transmito do Mar Morto
“o exame anti-doping deu em nada”
Degelo o gelo quando chego ao Ártico
Num artigo de jornal que não diz nada

Escrevo livre em linhas e entrelinhas
Enquanto o atleta nӇgua mansa nada
Minhas palavras e suas braçadas
Não levam esse mundo para nada.

Ou levam???

SILÊNCIO PARA LARISSA - Joaquim Filho (Pedreiras - MA)

 

 

 

                                          

Não há palavras,
Não há gestos,
Não há poemas...

Discursos,

Também não há.



Nada há de existir
Para consolar o coração
De um jardineiro
Que de forma cruel e trágica.
Viu perecer a sua flor-criança
No jardim da esperança.


Silêncio...!
Ouçamos o canto dos pássaros.
Olhemos para o horizonte.
Partiremos agora da premissa
Que aquela Luz que brilha no infinito
São dos olhos de Larissa.










ESCRAVOCRATA - Edézio Monteiro (Esperantinópolis - MA)

Fui escravo
Sou escravo
Pra que?
Por quê?

Da triste esperança
Da boa esperança
Dos tristes puros
Dos homens
Incultos – incautos

Do saco safado
Do fardo pesado
Dos dias que (nos)
Lhes restam...

Da grana sacana
Que não saca poesia

É a vida
O caminho é longo  e a farda desbotou
Já não tolhem
A livre expressão

Fui, sou
Escravo de tudo e de todos

Avalanche!
Escravocrata – burocrata

Amanhã será um novo dia
Seus merdocratas...

E continuarei escravo
Do meu ego, da minha mente
Do meu coração...

De todas as mulheres
De todos os amores
Que habitam o meu ser!


segunda-feira, 15 de novembro de 2010

POEMA DE AMIGO - Joaquim Filho (Pedreiras - MA)

                           
                               (Para Divalber Vieira)


                              Não troques o teu Grande Amor
                              Por outro amor qualquer.
                              O teu Amor é real,
                              O outro amor
                              É aventureiro,
                              É venal...


                              Não desprezes o teu Amor
                              Por outro amor.
                              Teu Amor tem alicerces
                              De carinho e perdão,
                              O outro amor
                              É edificado em solo de
                              Nuvens, vaidades, traições...


                              Não desperdices jamais o teu Amor
                              Por um amor de ilusão.
                              Teu Amor é feito de ternura
                              É tua vida, teu caminho, tua canção.

                               

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

PROVOCAÇÃO -(Nilton Lee - Pedreiras - MA)

Nilton Lee é jornalista, editor do Jornal Panorama Regional, Assessor de Comunicação e colunista da Revista Beleza em Curvas (Editora Digicamp, São Paulo-SP)




Você era puro tesão!
Vestido vermelho acentuando cada curva do seu corpo,
decotes generosos mostrando-me  dois terços de fragmentos de taças
Seios que pareciam acenar para mim
De longe eu lhe desnudava com o olhar
Você fingia não me ver
Mas me provocava!
Às vezes me olhava com o canto do olhar
Me provocava...
Me deixava louco quando cruzava as pernas
e deixava aparecer os fios negros que cobriam sua xoxota.
Me provocava...
Quando fazia bicos, caras e bocas
 de um jeito assim tão... sensual.
Provocava...
Quando pegava a taça e deixava o vinho tinto cair do canto de sua boca,
Fazendo escorrer pelo seu corpo.
Seu decote, seus seios, seu umbigo...
Me provocava...
Com um jeito assim...malicioso
que faria qualquer mortal morrer de tesão.
Que pena que você estava naquela tela de cinema, tão distante de mim.


NOITE DE GALA NA ACADEMIA PEDREIRENSE DE LETRAS - Por Joaquim Filho - Pedreiras - MA




                        A noite do dia 23 de outubro de 2010 marcou a história da cultura de Pedreiras no tocante às letras e deixou marcas indeléveis no livro da Academia Pedreirense de Letras, Instituição maior dos poetas e escritores da referida cidade, reconhecida de utilidade pública em nível estadual e municipal, fundada em 30 de maio de 2006.
                        Nesta data, com início às 19h30min, aconteceu no prédio da Câmara Municipal de Pedreiras, uma sessão solene que tinha como objetivo as apresentações dos louvores dos patronos Ribamar Lopes, proferidos pelo acadêmico João de Sá Barrêto; e Monsenhor Gerson, feito pelo acadêmico Expedito Costa.
                        Os acadêmicos que estiveram presentes à sessão solene foram: Daniel Freitas Cavalcante, Darlan Pereira Fernandes, Expedito Costa Vieira, Edivaldo Sousa dos Santos, Florisa Lima da Silva, João de Sá Barrêto, Joaquim Ferreira Filho, Moisés Abílio Costa, Raimundo Nonato Matos da Silva, Samuel de Sá Barrêto, Wescley Brito da Silva Filemon de Carvalho Krause Filho e Kleber Cantanhêde Lago.
                        O presidente da Academia, poeta Kleber Lago fez a abertura da sessão, saudou os presentes, falou dos trabalhos a serem tratados em pauta, e, em seguida, fez a formação da mesa onde na oportunidade foi composta pelas seguintes autoridades: Lenoilson Passos da Silva, Prefeito de Pedreiras; Otacílio Fernanades, Presidente da Câmara Municipal de Pedreiras e o acadêmico Filemon Krause, ex-presidente da APL.
                        Em seguida, dando sequência aos trabalhos, o presidente Kleber Lago solicitou do acadêmico Joaquim Filho a acompanhar o poeta, escritor e compositor Paul Gatty Sousa Nascimento até a frente para a cerimônia de posse do mais novo acadêmico da Academia Pedreirense de Letras.
                        Quem esteve presente na sessão solene foi o cantor e compositor Kosta Neto, de São Luis do Maranhão que veio exclusivamente para a posse do seu grande amigo e parceiro de música.
                        Tão logo fora empossado, Paul Gatty fez seu discurso de posse onde falou da satisfação e da honra de poder participar da Academia e tornar-se o mais novo imortal da cidade de Pedreiras. Fez citações de alguns trechos dos seus poemas, hoje imortalizados em suas canções, como “Linha Imaginária” e muitas outras.
                        Quando terminou o seu discurso, Paul Gatty foi aplaudido pelos confrades, parentes e amigos que estavam presentes na Câmara Municipal. Ao sair da tribuna, foi cortejado com aplausos, fotos, abraços e apertos de mão de todos que foram prestigiar a sua entrada na Academia.
                        O acadêmico Expedito Costa fez a leitura dos louvores ao seu patrono, Monsenhor Gerson, a quem foi bastante justo no resgate aos serviços prestados que o mesmo prestou à cidade de Pedreiras e falou da sua importância para o crescimento da nossa cidade.
                        Quem também fez a leitura de louvores ao seu patrono foi o poeta João Barrêto que, com maestria, fez um resgate do valor poético que Ribamar Lopes teve para com a nossa poesia.
                        Após a leitura dos louvores, o presidente Kleber Lago franqueou a palavra onde o primeiro a fazer uso da mesma foi o Excelentíssimo Prefeito Municipal de Pedreiras, Lenoilson Passos da Silva que lembrou os compromissos firmados com a Academia, o de conseguir um terreno para a construção da sua sede própria. O Prefeito Lenoilson Passos ainda falou da importância de Paul Getty na Academia, pois o mesmo, atualmente, tem sido um grande articulador, patrocinador, produtor e parceiro da arte e dos artistas de Pedreiras.
                        Quem fez uso da palavra foi o vereador Otacílio Fernandes, que deixou claro mais uma vez o prazer de abrir as portas da casa do povo para sediar uma sessão solene da academia. Parabenizou o acadêmico Paul Getty e disse que foi bem merecida a sua entrada para a Academia.
                        O poeta Filemon Krause, ex-presidente da Academia, um grande lutador para a fundação da mesma fez as suas considerações estendendo suas palavras de boas-vindas ao mais novo acadêmico. Disse que Paul Getty tem sido nos últimos anos destaque na poesia, na música e no meio cultural não só de Pedreiras, mas em todo o Estado do Maranhão. Revelou que a Loja Maçônica Gonçalves Lêdo, em momento oportuno fará uma homenagem a Paul Getty, com uma Moção de Aplausos pela gravação do CD que homenageia a cidade de Pedreiras pelos seus 90 anos.
                        Kleber Lago proferiu algumas palavras de agradecimentos, destacou o compromisso e a responsabilidade que se deve ter para com a academia, e fez questão de deixar bem claro que Paul Getty só entrou na academia porque têm méritos de sobra para tanto, pois atualmente tem contribuído muito para a cultura do Município de Pedreiras.
                        Kleber Lago depois de ter feito o seu discurso brilhante de sempre, deu por encerrado a sessão solene.
                        Na praça Zinô Caldeira, conhecida como praça de eventos ou ainda praça do Jardim, o acadêmico Paul Getty reuniu todos os confrades, seus parentes e alguns amigos para um jantar e bate-papo descontraído no Restaurante “De Bobeira”, de propriedade do casal Celço e Glória.
                        Desejamos ao nosso neo-confrade muito sucesso no seu ingresso na Academia, que a sua vinda seja uma soma de forças, idéias e lutas em prol das letras e do resgate dos nossos valores culturais.
                        Seja bem-vindo Paul Getty, a Academia Pedreirense de Letras essa noite irá dormir na certeza de ter um forte e imbatível guardião a lhe defender.




VIA LÁCTEA (Eliseu Lima Nascimento - Esperantinópolis - MA)

                                                            

Um sopro de vento
Uma estrela cadente
A nuvem envolvendo a lua,
Em seu brilho noite a dentro...

Estrelas que brilham
Iluminando meu pensamento,
Lembranças mil nesse momento
Eu, mente e silêncio.

A noite está passando,
A madrugada tá chegando
As horas... o tempo continua,
O poeta observa a solidão da rua.

A cidade dorme em outras mentes
O poeta sonha, viaja em pensamentos,
A aurora se aproxima
Aves já iniciam o canto...
Do nascer dum novo dia!

A noite vai se perdendo
Pro sol,  que irradia
Ainda em silêncio...
O poeta pensa e espia...

Então vem os raios do sol
Compor a sublime sintônia
Um momento! O poeta ainda sonha
Tá nascendo uma poesia.

Vinda conjuntamente,
Conexão galáxia envolvente,
Noite, lua, estrelas, madrugada...
Sol, luz, dia e poesia.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

CULTIVANDO AS FRASES - Joaquim Filho (Pedreiras - MA)

Joaquim Ferreira Filho, nasceu no dia 22 de outubro de 1964, na cidade de Pedreiras. Pertence à Associação dos Poetas e Escritores de Pedreiras – APOESP, membro-fundador da Academia Pedreirense de Letras – APL e está no 8º período do curso de Letras na Faculdade de Educação São Francisco. Publicou quatro livros de poesia: Criança de Rua – 1990; Retratos da Minha Inspiração – 1994; Meus Versos Alados – 1998; Poesia, Essência da Vida – 2006. No prelo, o livro Casa de Taipa (Crônicas frases e poemas).


As frases que foram e ainda são construídas todos os dias, e que muitas das vezes são proferidas pelas pessoas em momentos ocasionais de suas vidas, são a grande prova de que a Sabedoria Popular está presente no nosso dia-a-dia, enriquecendo a nossa Língua e a nossa Cultura. Elas fazem parte do nosso cotidiano, e sem que percebamos, estamos falando de forma tão natural, seja na família, na escola, no trabalho, na igreja, nas palestras ou aonde quer que estejamos.                                                                                                                  Lembro-me de uma frase do poeta João do Vale em um comercial de TV, lá pelos anos 80, que ele dizia: “Escorregar não é cair, é um jeito que o corpo dá”. Meu compadre Samuel Barrêto costuma dizer que quando alguém morre, “Parte fora do Combinado”. Meu amigo Edílson Macêdo, certa vez, quando excursionávamos no Estado do Ceará, no final dos anos 80, para explicar-me que não há problema sem solução, dissera: “Debaixo do Sol tudo se resolve”. Quando eu trabalhava na Gravadora Continental Disco, em São Paulo, ouvi o meu Chefe, Dr. José Gonçalves – Diretor do Departamento Pessoal – dizer a um colega que estava flertando e querendo sair com uma funcionária da Empresa: “Não se deve comer a carne onde se ganha o pão”. O experiente e amadurecido cantor Paulo Pirata, quando vê alguém impaciente, querendo resolver as coisas de forma truculenta e impensada, diz: “Muita calma nesta hora”. O mestre de obras e boêmio Raimundo Vidal, que nos deixou recentemente, quando percebia que alguém havia entrado na sua intimidade, de forma afável, soltava o seu bordão com um tom de brincadeira e bastante amistoso: “Olha meu filho, você entrou demais!”. E por que não lembrar o provérbio do senhor Geraldo do Trânsito, que na sua concepção de mundo as coisas têm que ser assim: “Cada qual com seu cada qual”. Você entendeu?
                        Quem conhece o Chiquinho da Calçadeira, e já esteve com ele nas farras, é sabedor que o boêmio depois de tomar umas duas, se empolga, sobe numa mesa ou numa cadeira, e começa com os seus discursos longos que, só perdem para os do presidente de Cuba, Fidel Castro. E entre uma frase e outra, a de maior ênfase é a que diz “Até porque...”. Observa-se que o “Até porque” de Chiquinho, é um referencial, é uma fonte de inspiração para poder dá uma direção ao seu raciocínio diante das palavras.  Ainda em São Paulo, quando eu trabalhava na empresa de turismo – SOLETUR – que era situada na avenida São Luís, e bem em frente, havia um pequeno restaurante, onde as pessoas tomavam o seu café da manhã. E por várias vezes eu presenciei um senhor que trabalhava numa outra empresa de turismo, chegar saudando os presentes da seguinte forma: “Bom dia para quem tem educação!”. Todas as pessoas se sentiam na obrigação de responder, pois, mesmo que ali estivesse alguém mal educado, com certeza, não iria assumir publicamente. Depois eu passei a entender, que aquilo era uma saudação de estratégia, pois é muito comum se chegar num ambiente, se dá bom dia, e as pessoas não responderem, sem falar também das pessoas que chegam e não cumprimentam ninguém, sobretudo, se este lugar é São Paulo, onde o corre-corre do dia-a-dia não permite identificar e nem observar as pessoas.
                        Viajando nos meus tempos de menino, ainda guardo na minha memória uma frase que tinha no adesivo colado ao vidro da petisqueira de minha avó – que ficava na sala. Todos ao adentrar a sua humilde e singela casa, deparavam-se com a frase: “O mundo todo não vale o meu lar”. E para mim, que tive o prazer de conhecer a minha avó materna, sei muito bem o valor que tinha o aconchego da casa de minha vozinha.                                          
                        O empresário José Valdeci Silva quando se reúne com seus funcionários, costuma alertá-los, dizendo-lhes: “A parte mais dolorida do ser humano é o bolso”. A frase geralmente é estendida àquelas pessoas, que no exercício de suas tarefas, às vezes, por relapso, cometem delitos que venham a trazer prejuízos às suas Empresas, e neste caso, se paga pelo erro mexendo no bolso, no bolso do funcionário reincidente, claro.
                        “Está certo assim? Está não!”.  “Está certo assim? Agora está!”. Esta seqüência dupla de jargões por várias vezes fora dita pelo polêmico locutor e apresentador de televisão Walter Júnior, que diante dos fatos sociais, negativos ou positivos, se acha com autoridade para criticar o que está errado, e enaltecer aquilo que está certo, proferindo as suas frases já bastante conhecidas por todos, por onde quer que ele passe.
                        E assim, são muitos provérbios, bordões, frases, jargões e ditos populares, que caracterizam o jeito de pensar, de se expressar e de viver do nosso povo, e muito embora sem a plena conscientização de está contribuindo para a nossa lingüística e a nossa identificação cultural.






terça-feira, 19 de outubro de 2010

DELÍRIO - Edézio Monteiro - Esperantinópolis (MA)

Edézio Monteiro da Silva, empresário, poeta, membro da Academia Esperantinopense de Letras


Oh! Minha deusa profana
Meu doce e glorioso
Objeto de prazer!
Beija-me.

Oh! Minha deusa profaaana
Meu belo e amado
Depósito de esperma
Suga-me
.............................................................
O que mais queres ser?
.............................................................
Oh! Minha deusa profana
Caricata, cigana
Mar revolto
Sortilégio!
Abraça-me
Oh! Minha deusa profana
Da língua sedosa
No meu corpo mal dormido
Fogo na lareira
Grita-me

Oh! Minha deusa profana
Do rito sumário do bumbum que
Abunda
Fundo do poço!
Lambe-me
.....................................................
Quero sair de dentro de mim
Para que entres sempre
Que eu possa sorrir,
Ama,  gozar (a vida)
Sem me preocupar
.........................................................
Oh! Minha deusa profana
Anoitecer sem tardes cinzentas
Uísque sem gelo
BLECAUTE
Esgana-me, esgana-me
Engana-me
              (enfim)

Oh! Minha deusa profana
Fugaz, sagaz, sacana
Traidora perfeita
Do amanhã que não virá
Mata-me, mata-me
De amor!!!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A VIAGEM SEM VOLTA - Elizeu Lima Nascimento

Oh quão soberana e democrática morte
De onde vens não se sabes,
Más se sabes que um dia virás
E , no teu bonde lúgubre da viagem pro além...
Não poupas ninguém, quando a hora vem.

E nesse instante em que chegas,
Tirando o folêgo da vida...
Levando  prá terra,  a matéria do chão
Devolvendo-a   ao torrão,
E deixando pros que ficam, arranhões no coração.
  
És o temor de todos, de todos os homens, todos  enfim...
Nivela a todos, todos tombam frente a te,
Más,  te peço uma coisa oh senhora morte...
Que por longos, longos anos, passe distante,
Muito!,  muito distante de mim!.

No entanto, antes, rogo a Deus por mim,
Prá que quando a senhora destruidora da matéria vier,
Que a passagem à outra vida seja veloz,
Rápida como o clarão dum relâmpago - luz,
Pela providência divina...
Do amor e da bondade de Jesus.

E quando da partida para a vida eterna
Quando me for chagada a hora fatal,
Que os anjos  em sintônia cantem...
No céu uma linda melodia,
Como que o cantar dos passáros
No amanhecer de um novo dia.

Que ninguem por mim se entristeça,
E que nenhuma lágrima da face deça
Más, que lembranças,  guardem-me dos bons momentos
Que a vida me presenteou,
Emoções, alegrias, trabalho, vitórias e amor.
  
No habitar da matéria final
Sob a laje fria do campo natural,
Me tragam flores e mensagens de paz
Poesias, versos...
Aqui  jaz um poeta!  em meio a ramais.
  
Quanto a Parte do pranto,
Eu,  entrego-a  num canto,
À lua, às estrelas, às arvores
Ao orvalho da noite, da madrugada, ao amanhecer do dia...
Que me farão  permanente companhia.

                                                                 Eliseu Lima Nascimento
                                                                            Madrugada do dia 13/11/2009
                                                       00:53 (Zero hora e cinquenta e tres minutos).




segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A MODA QUE A MODA É - Nilton Lee

Padrão de beleza. Qual é o seu? Na verdade não há padrão de beleza que suspenda ou aniquile a beleza real do ser humano, por mais “fora do padrão” que ele se encontre. Simplesmente porque o padrão não consegue ditar e fechar as portas diante do que enxergamos além dos olhos, e sabemos que o belo é o que nos fala a alma, tem mais profundidade, é mais extenso, denso e às vezes, até inexplicável.
Quem criou o tal padrão de beleza? A mídia? A moda? Ambas? A verdade é que a moda, esse consumo de objetos ou mesmo de idéias, se forma mais classicamente na perseguição obstinada da sociedade pelo padrão de beleza em vigor. Em vigor? Sim. Isso mesmo. Porque esse padrão é mutante, efêmero e questionável.
A moda dispensa qualquer lógica, transcende o caráter utilitário de uma peça de vestimenta ou adorno. Um dos fenômenos mais emblemáticos da pós modernidade, ela é a identidade e a identificação do sujeito perante a sociedade em que se insere.
Até os idos dos anos 70, no Nordeste, onde vivi minha infância, a cultura local dizia que a pessoa gordinha era sinônimo de prosperidade, além da clássica beleza estética, associava-se à sua imagem a figura de alguém que estava prosperando na vida. Era comum ouvirmos a expressão: “está bom e gordo?”, nos cumprimentos corriqueiros de rua entre amigos que se e encontravam. Era uma forma elementar de cumprimento.
“Tá ficando mais gordo, cada vez mais rico” – outra expressão, dava a entender que uma coisa estava sempre ligada à outra, naquela cultura que hoje não mais existe por conta do que nos impõem a moda e a mídia.
Na verdade é que nas pequenas cidades do interior nordestino a televisão demorou a chegar. Esse veículo de comunicação de massa só veio a ser instalado de forma a atingir todo o território nacional da maneira que ora presenciamos, nos meados dos anos 80. Com o advento da televisão, as culturas locais, tribais começaram a sofrer influência, e os padrões de beleza foram modificando de forma rápida, e seguindo a imposição da mídia, bem como da moda externa ao seu conhecimento até então.
Lembro que morava na minha casa, ainda na minha infância, uma mocinha vinda da zona rural, na verdade, de uma fazendola dessas escondidas nos fins de mundo do interior nordestino, onde dizem que Deus fez questão de esquecer.  Essa mocinha quando veio morar conosco na cidade, que já tinha acesso à TV, logicamente começou a sofrer a influência de tal veículo, como já acontecia com as colegas, com as novas amigas que constituiu na sua nova “aldeia”.
Estudava na cidade, onde morava conosco, e nas férias ia para o interior, para a roça. Lá, ao chegar, as pessoas logo faziam a observação: “nossa, como você está magra, menina. Não estão te tratando bem por lá?”. Até colocavam em cheque o tratamento dispensado pela minha família. Mas com o advento da antena parabólica se alastrando pelos povoados nordestinos, a televisão por fim chegou ao seu sitiozinho. Nas férias seguintes ao acontecimento, os comentários passaram de maldosos, para “Nossa, como você está linda. O que você faz para ficar com um corpinho assim? Me dá sua receita de  beleza”. A menina, que sempre foi magrinha, passou imediatamente de desassistida à padrão de beleza.
Kathia Castilho e Marcelo Martins, na sua obra “Discursos da moda, semiótica, design e corpo”.Colocam a seguinte  consideração:
“As mídias especializaram-se cada vez mais em construir mundos perfeitos, possíveis, desejáveis, prováveis, e tanto outros nos quais se espelham os sujeitos e seus destinatários. Todas essas criações estão pautadas em estratégias narrativas, discursivas e mesmo nas de textualização que geram tais efeitos de sentido de construções de mundo, aos quais subjaz, sempre, a de ilusão de que determinado produto, publicizado pelas mídias, é absolutamente necessário, desejável, querido, fundamental, imprescindível para seus possíveis consumidores.”
Queremos seguir o padrão. Queremos ter o padrão da beleza. Mas não seria melhor seguirmos o padrão da felicidade? O sofrimento das pessoas ante o preconceito imposto pelos seguidores da estética perfeita, ante mesmo suas dificuldades em manter-se no padrão de magreza que a “roda” cobra. Será se não é um sofrimento em vão?. Quão efêmera é a moda, quão fulgás é o conceitual.
Lembro bem que há alguns anos, o padrão de beleza repousava nas mulheres de grandes bumbuns e pequenos seios, pois bem, nisso lembro também que acompanhei o caso de mulheres de seios fartos que queriam se livrar deles, torná-los menores, como mandava a regra da moda. Para isso, e para justificar cirurgias de redução, algumas inventavam até mesmo problemas na coluna. “Ah, sinto muitas dores, porque meus peitos são muito pesados”, diziam.
O novo padrão é o de seios grandes. Sabe aquela dor de coluna? Sumiu. Que se danem as dores. Seios grandes estão na moda, é o que diz a mídia. Redução que nada. Silicone neles!
Efêmera, cruel, mas seguida, consumida, adquirida. Assim é a moda, na perseguição implacável ao padrão de beleza. A felicidade, porém, pode habitar em outros valores. Em você aceitar-se, curtir-se, respeitar-se e se fazer respeitada, amada e poderosa tal qual você é. Ninguém, afinal, vive a vida sobre uma passarela, desfilando roupas de griffe. A vida é mais que isso!